Pensamentos são pessoais, existem dentro das nossas mentes, não dá para termos certeza do que se passa na cabeça do próximo, muito menos do distante. A necessidade de externarmos esses pensamentos, essas idéias, nos leva a utilizarmos ferramentas como, por exemplo, a fala. O ato de falar por si só, na maioria das vezes, não é suficiente como estratégia de convencimento.
Existem vários fatores como a análise do contexto ou a expressão corporal que, associados ao ato de falar, podem, ou não, auxiliar-nos em nossa tentativa de convencimento. Nossos atos, nossas opiniões, nossas reações, não são simplesmente absorvidos e apoiados por nossos “ouvintes”. Por trás desta concordância ou discordância, existe todo um processo que leva em consideração fatores como a experiência de vida, concepções sociais e políticas, experiências pessoais, etc. Além disso, não podemos negar a existência do pré-julgamento do emissor.
Quando temos simpatia ou respeito pelo emissor, sua opinião já ganha crédito, mas, por outro lado, esta tolerância também tem um limite, nem tudo será aceito por aquele que recebe a informação, o pensamento. O crédito acaba quando a opinião é muito absurda, vai muito contra os princípios de quem recebe a informação.
A bola da vez, a informação absurda da semana foi a de que o arcebispo de Olinda e Recife, José Cardoso Sobrinho, excomungou os médicos e uma mãe que autorizou o aborto da filha de 9 anos que havia sido estuprada pelo padrasto. Já o padrasto, responsável pelo estupro, não foi excomungado, pois, segundo o arcebispo, o aborto é um pecado mais grave que o estupro.
Com tantas polêmicas, a Igreja tende a perder cada vez mais adeptos. Desde a chuva de casos de pedofilia, praticado por padres da Igreja Católica, as pessoas deixaram de vê-la com os mesmos bons olhos de sempre.
Em seguida, mesmo com o avanço da AIDS, a Igreja demonstrou defender uma posição irredutível em relação questão do uso de preservativos. A Igreja é, definitivamente contra o uso dos preservativos. Para a instituição, a culpa do avanço da AIDS é da população que perdeu seus valores e faz sexo deliberadamente com um e com outro. Dizem isso como se antigamente não fossem realizadas orgias homéricas e festas mais promiscuas que as de hoje em dia. Para eles, só existe uma forma de resolver o problema, de dentro pra fora.
A Igreja não leva em consideração qual estratégia vai salvar mais vidas, ela prefere esmurrar a ponta da faca tentando convencer a sociedade de que esta perdeu seus valores morais, e, depois que ela reencontrar seus valores, automaticamente o problema será resolvido.
Se a Igreja está disposta a defender uma estratégia tão árdua, deve estar também disposta a ajudar os fieis a recuperar estes valores. Uma campanha “casada” que envolvesse a luta em duas frentes seria, pelo menos, uma demonstração da intenção de resolver o problema.
Em meio a este momento de luta contra o uso da camisinha e a favor do reencontro com os valores morais de uma sociedade distante do caminho do bem, a Igreja não demonstra estranheza com o caso de estupro da menina de 9 anos. Como pode? Uma instituição preocupada com a retomada dos valores morais desta sociedade “perdida”, agir de forma tão apática quando o assunto foi o estupro. Talvez seja medo de ver comentários do tipo – Quem são eles para criticar um estupro? Ainda mais depois dos casos de pedofilia infantil.
Se eu fosse a Igreja e pudesse escolher entre responder a esta simples pergunta ou ser contrário à utilização de preservativos, eu responderia à pergunta, tranquilamente.
4 comentários:
Muito bom, Alex!!
O caso da menina que foi estuprada em Recife teve um repercuss~ao grande, mas existem outros casos em outros estados, mas sem essa divulgaç~ao, por motivos ´óbvios n sao divulgados. Mas tive o prazer de conhecer o médico que fez o aborto e de discutir este assunto no Seminário Nacional de Saúde da Mulher, e tanto o Ministro da Saúde como os outros que participaram deixaram bem claro que o aborto é necessário nos casos previstos por lei e a igreja com esse posicionamento se mostra contra a humanidade, pq uma criança de 9 anos grávida de gemeos iria morrer no parto ou antes dele, ja qua seu corpo nao estava maduro suficiente para exercer a maternidade.
Quem sabe, quando ela morresse, a Igreja poderia santificá-la, pelo menos a vontade da igreja era que n interrompesse a gestaç~ao e que a menina morresse, pq é certo que ela n sobreviveria a uma gestaç~ao de g^emeos.
lamentavel a posiç~ao da igreja.
Bora atualizar, né?
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