Nesse fim de semana, além de assistir aos primeiros episódios de House, tive a grande satisfação de assistir a dois filmes. O primeiro foi Bastardos e Inglórios, o mais novo sucesso do Tarantino. O segundo, Salve Geral, a aposta brasileira para o Oscar. Gostei muito dos dois, mas confesso que esperava mais do Salve. Pra organizar os comentários, primeiro vou falar dos Bastardos.
O filme é simplesmente sensacional. Tarantino dá um bicudo na história e assume a perversidade, a crueldade e a sede de vingança existente nos humanos. No mesmo dia em que assisti ao filme, aconteceu uma coisa que retrata fielmente o sentimento que o filme passou pra mim.
Era noite e eu precisava fazer algumas compras pra casa. Fui a um supermercado Pão de Açúcar e, enquanto fazia as compras, um funcionário me informou que o supermercado possui serviço de entregas gratuito que funciona até as 20h. Fui para a fila, mas quando chegou a minha vez, o caixa me disse que já eram 20:08 e o serviço não estava mais disponível aquele dia, já havia passado da hora. Confesso que nesse momento, a raiva me subiu à cabeça e comecei a imaginar coisas do tipo deixar o caixa contabilizar tudo para então ir embora e dizer que desisti das compras. O ser humano é assim. Alguns segundos depois a gente se acalma e entende que aquilo é um procedimento que precisa ser seguido, o caixa não tem culpa e existem motivos fortes para deixarem o serviço disponível só até as 20h.
Esse pensamento maldoso e primitivo, livre de quaisquer filtros existentes na sociedade, essa vontade de se vingar na hora de situações de raiva foi o que inspirou Tarantino.
Fico me perguntando se filmes como esse não serviriam como remédio para amenizar essa sede de vingança. Seguindo esse tratamento Tarantínico da vingança, talvez seja um anestésico para a nossa insatisfação com a política um filme em que a sociedade, ou parte dela se vinga de todas as atitudes corruptas desses homens que comandam a política no Brasil. Um filme onde, ao contrário da realidade, eles sofrem na mão do povo, eles precisam ir a hospitais públicos enquanto o povo viaja para cima e para baixo de avião. Ou então um filme onde a sociedade se vinga da ditadura militar.
Como já diria o mais novo "poeta" do Brasil, Zina: "Por que não?"
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