Hoje estou postando um texto enviado por um amigo, também jornalista: Rafael Heleno
All of my life
"All of my life, My dreams run wild, Now I stand alone, In this river of fire..." A princípio quando se analisa a letra em torno de sua musicalidade, o som até pode ser definido com um rock nostálgico, bem ao estilo “melodic”. Mas isso apenas no começo, basta escutar por alguns instantes os versos aclamados por Stan Meissner para perceber que tanto o trecho acima - reportado da canção “River of Fire” -, quanto o conjunto da obra do cantor e compositor canadense, gira em torno de uma perspectiva um tanto mais ousada, envolvendo refrões que se completam e desenvolvem uma perspectiva antémica.
Os sons emitidos pela guitarra resultam em acordes, esses se propagam através das ondas e quando se misturam à melodia formam um procedimento automático que atinge uma condição inenarrável. Essa categoria se alterna em vários e diferentes ciclos de sensações, impossíveis de serem expressos em uma forma concreta por promover um abstrato processo estabelecido pela constante condição referenciada como liberdade.
Importante ícone do hard rock canadense na década de 90, Stan Meissner atingiu o ônus de um cantor e compositor diferenciado em seu estilo. Suas belas composições estão aliadas a invejável habilidade de unir melodia à letra, transformando dois elementos que surgiram e se desenvolveram de forma isolada em uma completa e única obra. O resultado desse trabalho foi o reconhecimento que ainda perdura e o credencia como uma relevante pauta da música popular por mais de 25 anos.
Ao longo de sua carreira, Meissner lançou quatro álbuns, que seriam a “riqueza” de sua música reunida diante de todo acervo formado durante anos de sua trajetória como compositor. Cada um dos trabalhos tem inserido em suas entrelinhas uma espécie de particularidade, que ressalta elementos e diferenciações musicais e poéticas do artista. A soma desse conjunto de valores está centrada no resultado final, sendo cada uma delas considerada como uma peça de culto por boa parte dos colecionadores do gênero.
A começar pelo trabalho de estréia que recebeu o título de “Dangerous Games”. O disco lançado em 1983, tem como destaque as canções “I need your love”, “Can’t let go”, “Rebel Heart”, “Heart of the fire”, entre outras. Em seqüência, “Windows to Light” em 1986, é considerado por fãs como o trabalho mais promissor de Meissner, o que até se justifica por reunir faixas como “I want everything”, “I’ll waith for you”, “Coming out of nowhere”, “Hold me” e sem esquecer possivelmente seu maior sucesso “One chance”.
Fechando sua discografia solo em 1992 com o denominado “Undertow”, esse belo CD reúne surpresas como “It’s no secret”, “River off fire”, “Someone like you’ e “The look one”, com letras e melodias que mantêm a qualidade apresentada nos trabalhos anteriores. Em parceria com o guitarrista “Peter Fredete”, o último título lançado por Meisnner foi em 1999 o projeto “Metropolis – The Power of the night”, que compilou antigas e novas composições, todas com um toque clássico, destacando as faixas “Wild and blue”, “Never look back”, “Whatever it is”, “The power of the night”, além da louca e também maravilhosa “The dark side of the night”, hit da oitava seqüência do filme Sexta-Feira 13 que se apresenta como uma amostra de inventabilidade criativa, capaz de superar a própria obra a qual está inserida.
Em sua carreira internacional, Meissner adquiriu conceito nas Américas e ainda atingiu determinado prestígio em território asiático, resultando em um significativo número de fãs espalhados pelo mundo. Sua carreira poderia ter sido mais expressiva, propriamente pelo cenário Europeu, onde não alcançou a mesma notoriedade conquistada no Canadá. Ainda assim o artista mostrou uma carreira ativa, há anos integrando a equipe de funcionários da escrita em gravadoras, assinando os créditos de canções que embalaram o sucesso de vários artistas como Celine Dion, Eddie Money, Ricochet, Nancy Martinez, Peter Pringle, Toronto, Farmer's Daughter, Rita Coolidge, BJ Thomas, Alias, sem esquecer Triumph, Ben Orr (The Cars), Eric Clapton, Darby Mills, Lara Fabian, entre outros, além de escrever trilhas para filmes, séries e programas de teve.
Nos tempos atuais, Stan Meissner tem seu trabalho voltado apenas para a função de compositor, mas o passado do roqueiro continua presente, inclusive com o mesmo estudando uma forma de novamente relançar todos os seus títulos, tornando sua carreira novamente acessível para o público no mundo todo. O resultado ainda é uma incógnita e dificilmente haverá a repercussão almejada em torno desse fator, que é de imensa relevância para os seus admiradores. E se por um aspecto, o sucesso não foi conivente ao seu talento, o reconhecimento do público se nivela ao mesmo, fazendo com que prevaleça uma única certeza. Mas qual será essa?
No fim, os que já são fãs, continuarão apreciando o trabalho de Meissner. Aqueles que ainda não conhecem, é simples, basta ter acesso a qualquer um de seus títulos e executar a primeira faixa. Quando Iniciar o áudio, é só fechar os olhos bem lentamente, deixar-se transportar para um novo mundo de poesia cantada, repleto de maravilhas a cada reprodução dos versos e tendo como plano de fundo uma melodia mágica, capaz de fantasiar e invadir a mente... Nesse instante não há mais volta, uma vez começado o processo, esse o aprisiona para sempre dentro desse verdadeiro universo, que também responde a pergunta acima, a obra do grande mestre Stan.
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